A crise internacional está levando muita incerteza aos mercados. Neste cenário, os investidores fogem do risco e correm para comprar dólar. O resultado é que nos últimos meses, o preço da moeda norte-americana disparou e bateu a casa dos R$ 1,80.
Na última semana, a moeda norte-americana fechou com alta de 0,98%. Quem programou viagem para o exterior pensando em aproveitar o câmbio favorável que prevaleceu durante boa parte do ano, levou um susto.
É o caso da estudante Elisa Magaldi, que desembarcou no Reino Unido no final de outubro. Ela definiu que viajaria em julho, mas deixou para comprar moeda bem próximo à data do embarque e viu o preço do dólar disparar e levar junto a libra. O aumento na cotação foi de 12% no período. “Me dei muito mal. Quando comecei a pesquisar a viagem, em julho, (a libra) estava R$ 2,75, quando comprei (em outubro) estava R$ 3,10.
A economista da Fundação Getúlio Vargas, Virene Matesco explica que o momento é de volatilidade em todo o mundo devido à crise econômica pela qual passam Europa e Estados Unidos. Segundo ela, o preço do dólar tende a oscilar muito, embora a trajetória no médio prazo indique viés de baixa.
A publicitária Mariana Veronez programou a viagem de férias de dez dias a Nova Iorque, nos Estados Unidos, há dois meses, no entanto, também deixou para comprar o dólar apenas esta semana. Ela conta que não imaginava que o dólar se valorizaria ainda mais no período. “Não comprei na época porque (o câmbio) estava muito instável. Eu estava esperando para ver se baixava mais. Eu pensei que iria subir mais, então revolvi comprar essa semana”, disse Mariana.
No entanto, a cotação da moeda norte-americana entre outubro e dezembro aumentou, ao contrário do que imaginava a publicitária. Há dois meses, o dólar estava custando R$ 1,76.
As duas viajantes optaram por não comprar dólar em grandes quantidades. Mas a estratégia usada por cada uma foi bem diferente. Elisa optou por adquirir o cartão pré-pago, em que o cliente adquire a quantidade que desejar da moeda na cotação do dia e pode fazer saques em dinheiro, recargas e o saldo jamais expira.
Segundo o economista da Universidade Federal Fluminense (UFF) Cláudio Considera, usando o cartão, o consumidor foge do imposto e da incerteza do cartão de crédito. “Ele (o cartão pré-pago) é a melhor opção porque não possui taxa de administração e é mais controlado”.
Já Mariana levará consigo o cartão pré-pago, mas pretende usá-lo apenas em caso de emergência. A decisão da publicitária é usar o cartão de crédito, que, segundo ela, permite saques direto nos caixas eletrônicos até o valor do limite de crédito.
No entanto, o presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira e autor do livro Terapia Financeira, Reinaldo Domingos, alerta que o cartão de crédito deve ser evitado devido à incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que foi elevado de 2,38% para 6,38% este ano pelo governo.
“Sacar o limite do cartão é uma loucura. Ela vai pagar o IOF. O conselho é fugir do cartão de crédito. Ela estará gastando além do que precisava. Além disso, ela vai pagar o câmbio do dia. E pode ser que o dólar suba ainda mais, se aproximando de R$ 2”, alertou Domingos.
Conselhos – Para evitar que o sonho da viagem ao exterior se torne um pesadelo, algumas dicas podem ser preciosas. O educador financeiro Reinaldo Domingos diz que o planejamento é fundamental para evitar prejuízos.
“O ideal é que as famílias planejem o que vão fazer nesse período do ano com grande antecedência, assim os impactos desses valores são menores. Entretanto, as pessoas, em sua maioria, ainda não são organizadas financeiramente para realizarem seus sonhos”.
Segundo Domingos, quem vai viajar precisa ter uma reserva para garantir que a viagem seja tranquila. “É necessário que o viajante faça uma reserva entre 30% e 50% do valor que ele imagina que gastará”.
Outra dica dada pelo educador é pesquisar muito em busca de descontos e preços menores. “Alternativas ótimas e baratas podem ser encontradas, mas é necessário disposição e um pouco de suor. Se for de avião use as vantagens existentes como milhagem”.
Uma preocupação que os viajantes precisam ter é com os telefones celulares.
As ligações recebidas são pagas pelo viajante e podem ser cobradas considerando o dólar no período. Os hotéis também costumam cobrar taxas adicionais para chamadas internacionais. Assim, para Domingos, o cartão telefônico pode ser a melhor opção. “Aconselho que alugue um rádio, caso seja necessário falar muito. Ou então compre um cartão. Usar o celular no exterior é queimar dinheiro”.